sexta-feira, 25 de abril de 2008

Que diferença da mulher o homem tem?




Foto: Pascal Renoux - foto sob a proteção da Lei do Direito Autoral Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.


Ok. Lançamos a questã em post passado: mulher e homem come?

Veja bem, primeiro eu tentei pensar na etimologia da coisa e tive algumas idéias, nem muito originais, muito menos concretas, mas que serão proferidas por aqui. O que me veio a mente, de cara, foi a idéia da atividade/passividade.

Os homens, nos primórdios, é que tomavam a decisão para o ato; restava a esposa ficar lá, deitadona, paradona, vestida com uma camisola humilhante e sem gemer, seja de prazer ou dor. O homem decidia a hora, a freqüencia e a intensidade. E é claro, qual a mulher. À elas, mulheres-esposas restava, muito pouca coisa relativa ao mundo sexual, ou quase nada, mas a certeza de uma estabilidade social.

As outras, as mulheres-putas - ou mulheres-da-vida, expressão que hoje, nesse momento, me faz acreditar que se eu tivesse nascido no passado, teria me dado ao desfrute - ao contrário das mulheres-esposas, tinham total liberdade, dentro e fora de seus bregas, de fazerem o que quisessem, com quem quisessem. E elas faziam muitas coisas. Eram empreendedoras, empresárias da diversão e do prazer, enloqueciam os homens - sim, aqueles que mantinham a atividade sexual de suas mulheres-esposas em estado vegetativo - e faziam algo mais: os apaixonava, quase como um feitiço. Mal sabiam o homens, que era justamente a liberdade que tinham e que davam, o principal ingrediente para essa paixão. Para essa, e para qualquer outra.

Daí, dei um salto rápido, para os dias de hoje. Ainda há repressão e falta de liberdade, mas de um modo geral, a diferença de quem come pra quem dá, é so a fome. E pra mim, sempre um tem mais fome do que o outro; mesmo que os dois estejam com uma fome incontrolável, há sempre aquele que comeria maaaaais um pouquinho. E é esse quem come. O outro, o que dá, é aquele que além de se divertir, proporciona aquela satisfação ao outro - o estômago cheio, a vontade de morgar e não levantar nunca mais: ficar lá, saciedado. É como se cada pedaço - nada de canibalismo por aqui, por favor - fosse degustado com cuidado, com minúcia, com tesão, com... fome.

Não é à toa que esse é o disfemismo mais utilizado para suavizar os termos relacionados ao ato sexual: "comer alguém" passa, na maioria das vezes, uma sensação positiva, que envolve prazer e degustação; diferente de "fuder com/ou alguém", que depende totalmente do contexto pra denotar uma situação sexual.

Bem, nos finalmentes, chego a conclusão que todo mundo pode comer: esse não é um privilégio que tem um pirulito no meio das pernas. Para as mulheres, inclusive é ótimo saber que podemos comer alguma coisa sem ter que pensar nas calorias e nas horas que serão gastas para queimá-las. Aliás, não só não engorda, como emagrece! E nada como uma boa comida, sem indigestão, pra tornar o dia um pouquinho mais divertido. Ah, e pra gente poder ter liberdade - que pimenta que nada, o négocio é o tesão da liberdade! - e dar um descanso pro bendito chocolate.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Será que é tudo a mesma porra?!

Uma discussão interminável sobre o quadro de agravantes de uma traição. Uns diziam que traição só de beijo dá direito a uma pena leve, enquanto a traição de foda é digna de pena de morte. Outros, inflamados, diziam que do beijo pra xoxota não faz diferença; que a conduta delitiva está nos fatos e que isso, por si, já configura toda a merda feita. Eu ouvia e calava. Lembrava dos meus chifres; dos que tomei e dos que botei. Olhava pro meu companheiro de cama-mesa-banho e ficava pensando sobre o que seria pior pra ele: saber que eu beijei outro ou saber que não só beijei como também fudi com outro. Será que o beijo tem mesmo essa inocência que atenua as culpas e gravidades e dá direito ao perdão?! E a foda?! Ela é mesmo tão malévola assim? Dá tudo no mesmo ou realmente existe diferença?!

Em teoria, eu só consigo achar que, se é pra se ferrar, pelo menos que o serviço seja completo. Traição "apenas de beijo" é uma coisa tão puta santa...dá nos nervos. O xis da questão, em geral é a repercussão da trepada. Quando é ruim, a gente arruma logo uma culpa católica do tipo: "Ah, meu deus, porque eu fiz isso com ele, ele não merecia, nem foi bom....sacaneei o meu amor por nada". Pronto, segue-se o calvário de penitências, chicotes, correntes, grilhões e beijinhos com lingerires cheios de culpa no sujeito corno em questão. Por outro lado, se a foda é revigorante, esplendorosa do tipo que te deixa apertando as pernas no ônibus com a simples memória, aí a culpa é uma coisa meio Minority Report- aquele filme do Tom Cruise em que a pessoa vai presa antes de cometer o crime- porque o/a adúltero(a) em questão mal acabou de gozar e já está na culpa pela próxima safadeza que vai acontecer, porque não tem essa de ser maravilhoso e acontecer uma vez só. Daí que é um estilo de culpa mais perigoso, porque leva a uma seara de comparações perversas entre o ser corno e o(a) bola da vez.

Quando eu pensei que a discussão sobre o motivo que leva as pessoas a trair já estava superada- dado que o tema em pauta era os agravantes e penalidades da traição já consumada, um imbecil me lança essa de "mas porque será que as pessoas traem?" fazendo um ar de interessante, procurando teorias mal estudadas de sociologia pra responder a própria pergunta. Na verdade, estava tentando fazer esse "ar", porque esse adjetivo não é possível para gente babaca.

Eu que estava calada até então, só ruminando as memórias, elevei a voz e disse:
"As pessoas traem porque existe 1 zilhão de pessoas interessantes que endurecem o seu pau, que fazem a minha piriquita bater palmas e que são diferentes daquela pessoa que a gente namora, é casado ou convive. A gente trai porque gosta de novidade e é foda que a gente não consegue admitir que, ótimo, seria todo mundo tivesse a liberdade de escolher experimentar outras pessoas ou não e que isso não fosse sinônimo de canalhice e falta de amor. A gente trai porque não consegue dizer ao homem/mulher que ama, que ele/ela não nos basta; porque há sempre algo que falta e o que eu vejo de falta no outro, ele também vê em mim".

Eu traio porque não consigo sequer dizer ao meu amado que gostaria de ter uma relação assim livre de amarras, porque minha própria idéia me constrange e eu realmente não sei se seguraria a onda. Bom, isso eu não falei, mas pensei. O tempo que eu levei pensando isso, serviu de pausa dramática para o momento em que eu levantei, virei o copo de cerveja e disse: Pronto, falei!

Aí eu me piquei porque tava foda não pensar em traição.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Cada um na sua e eu na de todo mundo (lá ele)...

Tava dia desses, numa mesa de bar, quando começa a velha conversa de "ditadura feminina", "porque esse mundo é machista e patriarcal", blá blá blá... conversa incoveniente e deslocada, porque um bar é lugar de gente séria e de discussões decentes, porra. Enfim, a tal da conversa rendeu chegou num clímax tal, onde homens e as poucas mulheres protagonizavam o remake de Guerra dos Sexos, cada um defendendo seu ponto de vista - que não era necessariamente favorável ao grupo do gênero o qual pertencia, muito pelo contrário - no modo papagaio de pirata* on, que eu achei que ia rolar pau viola.

Foi então que um homem, que não tava no meio da Guerra, tava meio de lado, proferiu o seguinte discurso: "Você mulheres, ficam reclamando de ditadura do corpo, que tem ser magra, mas porra, foda mesmo é não poder escolher quem você come, caralho!" Obviamente rolou um silêncio absurdo na mesa e todo mundo com aquela cara de "Hein?!" e eu com minha cara de "Êba!".

Ele não esperou muito, e começou a levantar uma discussão que eu jamais imaginei e que me fez dar graças a deus por ser mulher o resto dos dias da minha vida pífia, que automaticamente se tornou menos pífia, logico, já que sou uma mulher e isso me dá o direito de escolher pra quem eu vou dar - ou quem eu vou não só dar, mas comer também, só que isso já é outra história.

A argumentação se baseava toda no seguinte fato: um homem, dentro de um quarto com uma mulher, tem que comê-la; seja ela espetacular, feia, magra, gorda, nova, velha, pelancuda ou plastificada e, mais, se ela por acaso não quiser, tem que convencer e comer. Não vale dor de cabeça, broxada, nem nenhuma desculpa anti-sexo, por mais criativa que seja. Tem que comer e pronto.

Os outros rat... ops.... homens da mesa, depois de ficarem atônitos, ensaiaram um coro de "porra nenhuma", "que viagem é essa, velho?", "só se for você!" que não intimidou o verdadeiro homem da mesa. E ele perseverou. E é a mais pura verdade.

As mulheres reclamam que tem de ser sempre magras, durinhas, escovadas e perfumadas - o que não deixa de ser verdade - mas, pelo menos podem escolher pra quem vai dar. Tem homem pra todo tipo de mulher: os feios, os lindos, os ricos, os narigudos, os tatuados, os religiosos (sim, senhora, não venha não, que em paróquia de padre bonito a igreja é sempre mais cheia...) e por aí vai. Tenho uma amiga mesmo que a-do-ra um feioso. Ela até deu sorte dessa vez, mas tenha dó, vai-gostar-de-homem-feio-assim -bem-longe-lá-de-casa!

Mas o homem não. Para o homem, não tem essa de adjetivar. É mulher e pronto. Se rolar uma conversa de que fulano saiu com fulaninha e não comeu, é um tal de "ihhh...essa fanta é uva" pra todo lado. Tenho muitos amigos e todos, sem exceção, confirmaram isso - não sem uma certa pressão - além de me contarem histórias cabeludas (literalmente) de experiências sexo-aterrorizantes, só porque tinham que comer. E comeram. E foram sacaneados, obviamente. Porque homem é escroto pra porra, nesse sentido. As mulheres tentam de tudo pra não deixar uma amiga pegar um seboso, mas se ela quiser mesmo (sei lá, tem gosto pra tudo), na hora de contar pras outras que não foram testemunhas oculares, ainda rola uma amenizada, tipo "ah, ele não era exatamente feio, era charmoso" (homens, tenham medo: se vocês não tiverem certeza que existe uma semelhança comprovada entre vocês e Richard Gere, Bruce Willis ou Nicolas Cage, "charmoso" é sinônimo de feio). Mas os homens, ah, os homens não. Eles dão força, fazem bolão pra ver se o outro vai pegar a banguela. E outro pega e ainda conta. Ui. Deus me livre.

O fato é que fui obrigada a concordar que isso é muito pior do que ser obrigada a estar magra ad infinitum. Ainda que pra ficar magra você também tenha que comer umas coisas horríveis.

Mas nesse caso, sai tudo no cocô mesmo.


*modo de discursar sobre um assunto, reproduzindo verbalmente alguma coisa que você já ouviu de alguém, não sabe onde e muito menos, se concorda. Mas você diz.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Bem-vindos ao Pirulito do Palhaço

Se tivéssemos nascido numa outra época, a gente até poderia dizer que esse blog aqui é coisa de macho, só pra quem tem coração forte, no melhor estilo "tirem as crianças da sala". Baboseira, nós somos pessoas modernas. Óh sim, muito modernas. Daí que às vezes dizem que nós somos escrotas e a gente só ri. Ser escrota é quase tão bom quanto ser gostosa (não gostosa no estilo Preta Gil de ser, por favor). A gostosa sempre se preocupa com todo o palhaço, socialmente, ela precisa zelar por sua imagem. A escrota, bem, ela só se preocupa com o pirulito, desde que ele venha num palhaço e não numa Barbie Malibu. O que a gente quer dizer é que essa birosca aqui não é lugar de literatura edificante. A gente não edifica nada, no máximo, dá uns amassos na língua portuguesa. Então, estejam à vontade. O Pirulito do Palhaço está aqui. Ou não.